segunda-feira, 21 de novembro de 2016

IDENTIDADE CONFESSIONAL - A DOUTRINA DA REVELAÇÃO - ESTUDO 01

CURSO DE IDENTIDADE PRESBITERIANA
CONHECENDO A CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. Caixa de texto: DISCIPULADO REFOMADO
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Aula 01 – A Doutrina da Revelação
INTRODUÇÃO:
            A confissão de Fé inicia o seu capítulo de abertura tratando o tema da Sagrada Escritura onde aborda o tema da revelação de Deus; uma vez que se conhece a revelação que Deus faz de si mesmo pelas Escrituras se pode de forma clara conhecer mais sobre o ser de Deus.
            Nesta aula abordaremos este tema sob as seguintes proposições: em primeiro lugar, trataremos da revelação considerada em si e o registro da revelação.
I – A DOUTRINA DA REVELAÇÃO CONSIDERADA (CFW, I.1)
            Nesta seção entramos logo de imediato no conceito de revelação. O que é revelação? James I. Packer nos apresenta o seguinte conceito mostrando que “o termo procede do latim “revelare” e significa “tirar o véu” ou “descobrir”.[1]É tornar claro aquilo que Deus tencionou comunicar ao seu povo, e isto ele faz de forma deliberada. Quando consideramos este ensino aprendemos que há dois aspectos da revelação: A Revelação Geral e a Revelação Especial.
1.1  – A Revelação Geral.
Neste aspecto Deus se revela por meio das coisas que forma criadas dentro desta categoria temos a Revelação Geral Imediata, onde Deus, comunica sua vontade diretamente ao homem implantando a lei. A CFW declara que “a luz da natureza e as obras da criação” revelam o ser de Deus em seus atributos (bondade, sabedoria, poder). A expressão “luz da natureza” significa que algo Deus revela ao homem em sua natureza (Romanos 2.14,15). O quadro abaixo nos ajuda a visualizar este ensino[2]:






           

            O segundo aspecto a ser considerado é que a revelação Geral também é Mediada, ou seja, ela é comunicada por meio das “obras da criação e da providência” conforme vemos aqui na Confissão de Fé de Westminster, a criação prega à existência de Deus (Salmos 19
.1-4). Paulo Anglada nos lembra que o “universo físico é uma pregação”. [3]A criação também revela os atributos de Deus (Romanos 1.18-20) este aspecto torna os homens indesculpáveis diante de Deus.
1.2  – A Revelação Especial:
A Revelação Geral não pode levar o homem ao caminho da vida conforme vemos na Confissão de Fé: “contudo não são suficientes para transmitir aquele conhecimento de Deus e de sua vontade, necessário à salvação”; então, agradou ao Senhor em revelar a sua vontade de forma especifica “em diversos tempos e diferentes modos”.
Esta revelação especial deu-se nos moldes do Antigo Testamento por meio da revelação dos profetas que eram modos incompletos da revelação de Deus (Hebreus 1.1-2). Mas, para “preservar e propagar a verdade” gerando segurança e “conforto da igreja contra a corrupção da carne e a malícia de Satanás e do mundo” Deus fez com que esta revelação “fosse plenamente escrita”. A Revelação Especial é a vontade de Deus encerrada nas Escrituras, é o que está escrito hoje que guia o povo de Deus (Mateus 4.4,7,10). De sorte, que as Escrituras são “totalmente” indispensáveis, e por isso, as antigas formas de Deus revelar a sua vontade já cessaram. Não há mais hoje revelações extraordinárias: línguas, profecias e visões (Hebreus 1.1-2) sendo a Bíblia suficiente (2ª Timóteo 3.15-17).
II – A NATUREZA E O REGISTRO DA REVELAÇÃO (CFW I.2)
            A segunda seção do capítulo primeiro da Confissão de Fé de Westminster trata da natureza da revelação especial (Escritura) e o registro desta revelação conforme encontramos em nossas Bíblias.
            A natureza da revelação é “sagrada” isto quer dizer que ela é distinta dos demais livros; o apóstolo Paulo relembra este fato ao escrever em 2ª Timóteo 3.15 que é a sacralidade da palavra que pode tornar o jovem Timóteo sábio para a salvação. Mas o que aprendemos aqui:
2.1 – Que a Bíblia é a Palavra de Deus escrita:
            Aqui nós vemos que o ensino do Liberalismo Teológico não se sustenta porque nega que as Escrituras sejam a revelação especial de Deus, pois, rejeitam os milagres que ali se registra, isto porque o Liberalismo procura “interpretar, reformular e explicar a fé cristã dentro de uma perspectiva iluminista”.[4]
Também aqui a CFW se contrapõe à chamada Neo-Ortodoxia que foi fundada por Karl Barth, ele ensinava que a revelação de Deus se dava em três esferas: na criação, no querygma [pregação] da igreja e na Escritura – segundo ele Deus fala-nos por meio de uma Bíblia cheia de erros e contradições. O conceito barthiano é empirista, pois, a palavra de Deus torna-se tal quando sentimos e a vivenciamos.
 A Escritura é a nossa fonte de autoridade e não a experiência (Lucas 16.29-31); a Bíblia não se torna ou contém a Palavra de Deus, ela é a revelação de Deus ao homem.
2.2 – A Revelação Especial consiste em uma unidade.
            A CFW assegura que a Escritura, como Revelação de Deus, forma uma unidade entre os dois testamentos “incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento”. Aqui aprendemos de imediato que é enganosa aquela ruptura proposta pela escola de interpretação chamada de Dispensacionalismo que advoga existir uma distinção ente a lei e a graça, entre o Antigo e o Novo Testamento A Bíblia de Scofield acentua essa distinção nos seguintes temos:
Que o cristão herda agora as promessas características dos judeus não foi ensinado nas Escrituras. O cristão é da semente celestial de Abraão e participa das bênçãos espirituais da Aliança Abraâmica; mas Israel como nação sempre terá o seu próprio lugar e ainda receberá a maior exaltação como o povo de Deus na terra.[5]
Isso implica que se adotarmos a leitura do Dispensacionalismo estaremos contradizendo o apóstolo Paulo em Romanos 15.4. O que nos chama atenção na argumentação paulina é que ele diz “tudo” (o[sa- hosa) nada é deixado de fora; o que “foi escrito antecipadamente” (proegra,fh – proegráfê) tem por objetivo o ensino da Igreja. E assim a igreja neotestamentária é confortada e consolada.
Greidanus comenta o seguinte:
Já que os antigos israelitas e nós somos um povo da aliança por meio de Cristo, o Deus deles é o nosso Deus, os antepassados deles são nossos antepassados, a história deles é a nossa história, e a esperança deles é a nossa esperança. Do mesmo modo, os livros deles são os nossos livros, pois os livros que Deus tinha pretendido, antes de tudo para eles são “úteis” também para nós (2 Tm.3.16)[6].
Então, devemos rejeitar toda e qualquer noção de ruptura entre o Antigo e Novo Testamento. Pois, o Antigo e o Novo Testamento formam a unidade da Palavra de Deus.
            2.3 – A Revelação Escrita é nossa Regra:
            Ainda aqui nesta segunda seção nós aprendemos que a regra absoluta é a Sagrada Escritura. A CFW nos diz que a Palavra de Deus é a nossa regra em duas esferas:
a)      É nossa regra de fé -  os livros inspirados por Deus nos foram dados para constituírem “a regra de fé”. O que isto quer dizer? Quer dizer que tudo o que se refere ao culto e a vida religiosa diante de Deus que tem a palavra final é a Palavra de Deus escrita, ou seja, a Bíblia. ou seja, tudo o que nós cremos deve ter base bíblica. Devemos estar fundamentados na doutrina dos apóstolos e profetas: “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;” (Efésios 2.20).
b)      A Bíblia também é a nossa regara de conduta: Ou seja, aqui se ensina que o nosso comportamento tem que ser moldado pelos ensinos claros das Escrituras. Isto significa que a nossa ética e moralidade deve ser baseado naquilo que as Escrituras determinam que façamos; pois, toda conduta que esteja em desarmonia com as Escrituras deve ser corrigida, tratada e modificada. A Escritura não nos foi dada apenas para questões doutrinárias, mas também para questões práticas: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Timóteo.3.16-17 ).
Conclusão:
 Neste estudo vimos que a Revelação de Deus se dá por meio da sua lei que é implantada em cada coração humano neste mundo; mas, também a mesma revelação é comunicada pelas obras da criação e da providência; ainda que seja, uma revelação divina não é suficiente para comunicar a vontade salvadora de Deus; esta vontade redentiva só é comunicada pela Revelação Especial de Deus conforme se encontra encerrada e registradas nas páginas da Bíblia Sagrada.
Questionário.
1)      O que é revelação?
2)      Apresente a distinção entre Revelação Geral e Revelação Especial?
3)      A Bíblia é que tipo de Revelação?
4)      A Escritura é a nossa regra. Mas qual esfera ela é a nossa regra?
5)      Há novas revelações hoje? Por quê?
6)      O que revelação Geral Imediata?
7)      Explique os textos: Hebreus 1.1-2; 2ª Timóteo 3.15-17.
8)      A Confissão de Fé de Westminster ensina a cessação dos dons? Em que parte?




[1] PACKER, James I. Vocábulos de Deus. São Paulo: FIEL, 2002, p.15
[2] SPROUL, R.C. Verdades Essenciais da Fé Cristã – Caderno 1. São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p.10
[3] ANGLADA, Paulo R. B. Sola Scriptura – A doutrina Reformada das Escrituras. São Paulo: Os Puritanos, 1998, p.26
[4] COSTA, Herminstem Maia Pereira da. Raízes da Teologia Contemporânea. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p.287
[5] Apud, SANTOS, Valdeci S. Anotações da Bíblia de Scofield sob uma ótica Reformada. In: FIDES REFORMATA, janeiro – junho, 2000, vol. V, n. 1, pp. 135 – 148.
[6] GREIDANUS, Sidney. O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo – Interpretando e Pregando Literatura Bíblica. Tradutor: Edmilson Francisco Ribeiro. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p.211.

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